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Em entrevista à Rede Brasil Atual, o especialista em Previdência Remígio Todeschini, ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, abordou que o momento é “importantíssimo” para a classe trabalhadora, inclusive da classe média, garantirem os seus direitos. Segundo ele, é importante que todos compareçam as manifestações para barrar a absurda reforma da Previdência.

Só a luta muda a vida das pessoas. A cada dia que passa, mais direitos e garantias da classe trabalhadora são retirados. Um exemplo disso é a terrível proposta de reforma da Previdência do Governo Temer, que será mais uma tragédia para o povo Brasileiro. Não podemos permitir esse desastre que simplesmente acabará com a aposentadoria de homens e mulheres trabalhadoras do nosso país.

Cobre do seu Deputado. Diga a ele que você não aceita essa reforma. Só a força da pressão popular será capaz de barrar mais essa terrível retirada de direitos!

 

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Como você avalia as manifestações que aconteceram em todo país? É um momento importante de luta contra esta reforma?

É um momento importantíssimo. Ou o pessoal vai à rua para poder evitar essa reforma que é perversa para os trabalhadores, ou governo deita e rola em cima com a diminuição dos nossos direitos.

A idade mínima passa a ser 65 anos para homens e mulheres. O que isso significa? 

Essa questão penaliza os trabalhadores e trabalhadoras a trabalharem praticamente até o final da vida. Por exemplo, na grande São Paulo, fora o centro e os bairros onde vive a classe média, no meio da periferia, da classe trabalhadora, a expectativa de vida é de 65 anos. Em dez estados do Brasil, a expectativa também é de 65 anos. Então, é uma reforma que vem penalizar os mais pobres e parte da classe média também vai ser prejudicada, até porque precisa trabalhar 49 anos.

E o tempo mínimo de contribuição passa de 15 a 25 anos.

Essa é uma questão também muito perniciosa para os mais pobres e para aqueles que têm pouca qualificação, até porque 40% dos trabalhadores são informais, e até os 60% que estão na formalidade têm dificuldade em completar os 15 anos (de contribuição mínima). Os trabalhadores serão mais prejudicados ainda, com 25 anos.

Para conseguir aposentadoria integral, o trabalhador vai ter que contribuir por 49 anos também.

Se eu começo a trabalhar com 20 anos e preciso de 49 anos de contribuição para poder ter a aposentadoria integral, eu me aposento de fato com 69 anos, sabendo que, no regime geral da Previdência no INSS, você só pode chegar até o teto de R$ 5.500. Então esse modelo favorece a privatização.

Quando as pessoas de famílias pobres vão para o mercado de trabalho, só 5% delas conseguem contribuir para a Previdência. Então é um divisor de águas que fere o princípio de solidariedade da Previdência Social, que deve atender principalmente as populações mais pobres.

Quando a gente fala em 49 anos para receber integralmente, são quase cinco décadas sem nenhuma interrupção. Não pode ficar desempregado, sem deixar de contribuir.

Se eu começar com um salário mínimo e no final receber dez salários mínimos, eu vou fazer a média de todos esses 49 anos. Eu não vou chegar ao teto, porque a contribuição vai ser proporcional à minha contribuição.  Na atual regra, eu pego os últimos cinco anos para poder fazer esse cálculo.

Fonte: Rede Brasil Atual