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Faleceu na madrugada de domingo (27) o padre José Comblin. Aos 88 anos, era um dos mais importantes intelectuais da Teologia da Libertação.

Ele estava hospedado na comunidade Recanto da Transfiguração, no município baiano de Simões Filho, em tratamento de saúde, quando sofreu um ataque cardíaco. Mesmo em tratamento, Coblin permanecia trabalhando.

Padre Comblin, nascido em Bruxelas, Bélgica, em 22 de março de 1923, transferiu-se ao Brasil em 1958, atendendo ao apelo do papa Pio XII, que no documento O Dom da Fé pedia missionários voluntários para regiões com falta de sacerdotes.

Depois de trabalhar em Campinas e passar uma temporada lecionando no Chile, na Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Santiago, Padre Comblin foi para Pernambuco, em 1964, quando D. Helder Câmara foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife e tornou-se um de seus mais importantes assessores.

Participou do primeiro grupo da Teologia da Libertação. Perseguido pelo regime militar, foi detido e deportado, em 1972, ao desembarcar no aeroporto de volta de uma viagem à Europa.

Esteve na raiz das equipes de formação de seminaristas no campo em Pernambuco e na Paraíba (1969), do seminário rural de Talca, no Chile (1978) e, depois, na Paraíba, em Serra Redonda (1981). Estas iniciativas deram origem à chamada Teologia da Enxada, que tinha o objetivo de formar sacerdotes e missionários populares, com uma metodologia adequada à realidade camponesa. Padre Comblin dedicou-se prioritariamente à formação de lideranças populares.

Além disso, esteve na origem da criação dos Missionários do Campo (1981), das Missionárias do Meio Popular (1986), dos Missionários formados em Juazeiro da Bahia (1989), na Paraíba (1994) e em Tocantins (1997).

Padre Comblin era um dos maiores teólogos em atividade no Brasil. Deixa-nos uma vasta e importante obra teológica. Entre suas obras estão: A Teologia da Libertação e A ideologia da segurança nacional: o poder militar na América Latina.