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Ontem (14/09) estive na PUC Rio como convidado a compor mesa em um seminário com o tema “Pré-vestibular comunitário e participação política universitária”. Um tema muito importante dentro de uma universidade com tantos bolsistas, principalmente oriundos de movimentos de pré-vestibulares comunitários.

O título da palestra já reflete o que sempre digo: a missão de nossos alunos não termina ao passarem no vestibular, é neste momento que ela começa. Nossos jovens devem ser agentes transformadores dentro da universidade, participando de atividades e do movimento estudantil, no intuito de melhorar a universidade para que mais dos nossos possam fazer parte dela.

Os presentes eram alunos bolsistas, estudantes de programas de educação popular da PUC, professores e alunos de pré-vestibulares comunitários. Dividi com eles dois momentos que participei em 12 anos como educador popular. Lembro-me quando o partido Democratas entrou com uma ação na justiça para declarar as cotas como inconstitucionais. O estagiário de direito que defendeu a constitucionalidade era da PUC, e não era a favor das cotas, ele estudou o caso e preparou sua defesa. Além de convencer ao juiz, convenceu-se também da importância das cotas e chegou a fazer sua monografia sobre isso.

Outra experiência foi a proibição do então Prefeito César Maia de os pré-vestibulares comunitários funcionarem nas escolas municipais. Não é interessante para políticos que utilizam seu mandato para interesse próprio que a população tenha instrução e consciência. Participei ativamente das manifestações para a reabertura das turmas e conseguimos, depois de muita luta, retomar as aulas. Comparei o fato ao exílio de Paulo Freire durante a ditadura. Mesmo depois de duas aberturas do governo para que os exilados retornassem ao país, o pai da Pedagogia do Oprimido continuava impedido de voltar ao Brasil, pois ensinava ao povo mais do que “Vovó viu a uva”, mas “O povo tem o voto”.

Leciono Cultura e Cidadania no PVNC (Pré-vestibular para Negros e Carentes), essa disciplina muitas vezes é subestimada pelos alunos e outros professores, pois não “cai no vestibular”, mas é a responsável pela politização dos jovens e para conscientizá-los de que devem ser protagonistas nas transformações da sociedade. Esse papel politizador não deveria ser restrito a esta disciplina, todas as outras matérias deveriam seguir uma orientação político-pedagógica que complete essa formação.

Estavam comigo compondo a mesa do seminário as professoras Maria Helena Zamora, da PUC e Jaciane Braga Silva, também voluntária no PVNC. Entre os presentes havia professores e alunos de outros movimentos de pré-vestibulares comunitários, como o Educafro.

Fomos perguntado sobre o livro de José Carmelo que aborda o tema dos prés, que por acaso o capítulo mencionado na pergunta foi o escrito por mim. O livro chama-se “Classes comunitárias pré-técnicas e pré-profissionais” e você pode fazer o download clicando aqui.