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É terrível a notícia de que o número de pessoas em situação de pobreza extrema cresceu significativamente no último ano aqui no Brasil. E sabe o que é pior? A grande quantidade de pessoas que não se importam com essa notícia achando, inclusive, que gastamos muito em programas sociais.

As prioridades no orçamento público são frutos de uma escolha política. E quem direciona essa escolha são os governos e o parlamento. Na Europa, o teto para o déficit público é de até 3% do PIB. E ninguém derruba governo, acaba com a previdência ou impõe restrições constitucionais quando se entra dentro desse limite.

Portugal e França registraram déficit de 2,3% e 2,7% do PIB e nenhuma sanção do Banco Central Europeu foi imposta a eles. É um escárnio a invencionice que se criou no Brasil: falar de déficit para impor cortes e destruição de programas sociais. Isso foi feito simplesmente para satisfazer a sanha dos bancos e dos especuladores rentistas.

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A dívida pública foi feita para ser rolada. E a capacidade do país em rolar sua dívida depende da sua credibilidade econômica e política. O país precisa de investimentos públicos e privados, só que o primeiro puxa o segundo. Com a incapacidade do estado em investir em função da Emenda Constitucional 95 – chamada de teto dos gastos – não há saída, a não ser ficar de joelhos para os interesses especulativos internacionais. Cabe lembrar que nenhum país do mundo engessa a sua política fiscal através da sua constituição condicionando o aumento dos gastos ao crescimento da inflação do período anterior, independente do crescimento da arrecadação ou do crescimento populacional. Esse absurdo só acontece aqui no Brasil.

E pior, isso é proposital, pois essa incapacidade de retomar investimentos públicos só interessa ao rentismo. Os especuladores que querem ganhar muito em pouco tempo nas bolsas de valores agradecem… Triste, mas é a nossa dura realidade.

E agora, “legitimado” nas urnas, o governo Bolsonaro mostra as suas garras com a submissão total do trabalho ao capital: fim do Ministério do Trabalho, aprofundamento da reforma trabalhista, fim da previdência e término dos programas sociais. Viramos o paraíso da especulação rentista.

Essa “legitimação” do governo Bolsonaro nas urnas foi a maior enganação da história política brasileira. Enquanto ele disseminava fake news e fugia dos debates – onde o projeto do rentismo poderia ser desmascarado -, a população se preocupava com kit gay, mamadeira erótica e etc. Agora, só nos resta esperar que a ficha caia e a população lute contra isso. Enquanto isso não acontece, segue a farra dos bancos e dos especuladores que celebram o novo paraíso do rentismo internacional: o “Brazil” de Bolsonaro.

 

Crédito das fotos: Maria Eduarda José