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Pouca gente sabe, mas Paulo Freire foi o último preso político a ser anistiado pela ditadura militar. Isso porque o seu projeto representava uma ameaça ao poder repressor e ditatorial do Brasil daquela época. E que projeto era esse? A Pedagogia do Oprimido. Uma obra que gerava consciência crítica ao estudante. Trocava o “vovó viu a uva” por “o povo tem o voto” no processo de alfabetização de adultos. Um verdadeiro perigo a quem queria um povo submisso, passivo e domesticado diante dos abusos e esquemas de corrupção daquele período que não eram investigados ou divulgados, pois havia uma forte censura aos meios de comunicação praticados pelo governo brasileiro dos anos de 1970.

Passados cerca de 40 anos, a história se repete mudando apenas os atores e as ferramentas. Tudo o que tem sido colocado em defesa do tal “escola sem partido” não passa de desculpa para, na verdade, impedir que os alunos aprendam a pensar. Um povo sem conhecimento e sem cultura é muito mais fácil de ser enganado e manipulado. E isso é tudo o que um mau governo quer. “Não pense, trabalhe”. Assim fica mais fácil “governar”.

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Robson Leite no Instagram

Não há construção pedagógica eficaz sem que se reflita e se analise sobre as realidades presentes em nossa vida. A educação é, por essência, interativa com o mundo ao nosso redor. É troca. É construção. Como estudar ecologia e meio ambiente sem falar da necessidade do saneamento básico e da importância dos acordos internacionais para redução da emissão de carbono? Como estudar geografia sem falar sobre êxodo rural, ocupação urbana e reforma agrária? Como estudar história sem falar das revoluções francesa, russa, da guerra fria e da colonização exploradora de anos que a Europa impôs à América Latina e à África?

Educação é abrir os olhos de quem aprende e levar o estudante a descobrir o mundo. E não há descoberta sem diálogo e sem debate, sempre marcados pelo respeito e pela confiança. Não existe e nunca existiu doutrinação. Isso é uma grande bobagem criada para que o governo possa impor uma pauta de drástica retirada de direitos – como a reforma da previdência – enquanto as atenções se viram para projetos fantasiosos e ao mesmo tempo tão polêmicos quanto falaciosos que tiram a atenção do povo do centro do que está acontecendo: a maior entrega do nosso patrimônio conjugada com a maior retirada de direitos sociais da história brasileira.

Fique atento: a vítima desse processo perverso é você!